Instrumento pifado ameaça futuro da sonda Phoenix em Marte
Dispositivo responsável por análise de amostras de solo apresenta um curto-circuito.
Caso não seja reparado, será impossível até confirmar que região possui gelo de água.
Tudo muito bonito, um pouso bem-sucedido, belas imagens do solo marciano. Mas nem tudo são flores na missão Phoenix, que visita pela primeira vez uma região próxima ao pólo Norte do planeta vermelho. Seu principal instrumento está pifado, e a assistência técnica mais próxima está a 275 milhões de quilômetros de distância.
Caso os engenheiros não consigam colocar a engenhoca para funcionar, a viagem pode ter sido em grande parte perdida -- não será possível analisar a composição do solo marciano, nem confirmar a presença de gelo de água na região onde a espaçonave desceu.
O aparelho é chamado de Tega, sigla inglesa para Analisador de Gás Térmico e Evoluído. Soa mal em português, de modo que vale a pena redefini-lo como um misto de forno e espectrômetro de massa. O forno aquece a amostra (vaporizando o gelo, por exemplo), e o espectrômetro identifica os tipos de moléculas presentes, fornecendo grandes pistas sobre a composição do solo marciano.
Os primeiros dias de operação da Phoenix -- que tem sua missão planejada em 90 dias -- serviram para testar todos os dispositivos instalados a bordo. O braço robótico, responsável pela coleta de amostras do solo e sua posterior colocação no interior do Tega, funcionou perfeitamente.
O Tega, em compensação, parecia pifado. Um diagnóstico inicial mostrou que parecia haver uma pane num filamento do sistema. "Temos um curto-circuito no filamento 1 do espectrômetro de massa", disse ao G1 Ramon de Paula, engenheiro brasileiro responsável pela missão no Quartel-General da Nasa, em Washington. "Vamos tentar usar o filamento 2 para ver o que acontece. Testes no laboratório mostram que deve funcionar direito, mas tudo vai depender de onde está o curto-circuito."
Aparentemente, o problema se manifesta quando são ativados os solenóides -- dispositivos que ajudam a separar atmosfera e solo por meio de campo magnético. "Eles causam vibração no instrumento todo, gerando o curto", afirma o engenheiro. "Algum material deve estar solto, causando o curto quando as válvulas são acionadas, ou algum fio está encostando em algum lugar que não devia."
A expectativa é a de que em três ou quatro dias a agência espacial americana saberá se o plano B funcionou para destravar o Tega. Se não der certo, ainda há um plano C: ativar e desativar repetidas vezes os solenóides, na esperança de que as coisas voltem para seu lugar na marra.
Se nem isso der certo, o Tega estará perdido. E, com ele, a esperança de obter grandes resultados científicos com a Phoenix. "Se o Tega não funcionar de jeito nenhum, então não vamos poder analisar o solo ou o solo/gelo e saber a composição ou mesmo confirmar se existe gelo ou não", diz Ramon de Paula.
De todo modo, a expectativa de todos na Nasa é a de que o instrumento irá funcionar. E os engenheiros já saíram de enrascadas piores, fornecendo assistência técnica remota a robôs que trabalham bravamente em outro planeta a 20 minutos-luz de distância daqui.
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